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Jogamos Total War: Troy

A SEGA e a Creative Assembly lançaram, no dia 13 de agosto, o Total War: Troy, mais um jogo da franquia Total War, que existe desde há um bom tempo e está bem segmentado no mercado de jogos, pois é uma das franquias que consegue repassar com exclusividade e grande imersão, táticas de batalha em tempo real e administração no gênero de estratégia por turnos.

Falando ainda um pouco mais sobre a franquia, antes de adentrarmos no universo de Troy, a Total War pode ser um prato cheio para os amantes e entusiastas de vários momentos históricos: Pode-se jogar com vários povos da antiguidade, o conturbado momento do fim do Império Romano, a Idade Média, o Imperialismo Colonial, as Guerras Napoleônicas, o Japão Samurai, a China dos Três Reinos e, finalmente, títulos mais fantasiosos como a aclamada série do Warhammer.

É neste cenário, permeando entre o mito e a realidade, que a CA resolveu investir: A Guerra de Troia. Este conflito é bastante discutido por uma série de historiadores, causando controvérsia e discussões calorosas sobre seus eventos. Uma das fontes que podemos ter acesso, são os épicos de Homero. Ocorre que existe uma corrente de historiadores pós-modernos que discutem, inclusive, a própria existência do Homero – alegando que este não era apenas um poeta e sim uma junção de vários poetas –, que foram complementando a história até chegar ao formato que encontramos no dia de hoje.

Ademais, toda a problemática histórica e mitológica está baseada na Ilíada e Odisseia. Verdade seja dita, independente do valor de história real destes poemas, compostos de nada mais do que 15.693 versos datílicos, apenas na Ilíada. Os dois épicos formam um dos poemas mais importantes da Grécia Arcaica e foram basilares para a constituição e formação de identidade do povo grego para uma unidade cultural e religiosa.

A Ilíada começa já no décimo e último ano da Guerra de Troia. A cidade, também era chamada de Ílion. Será que o caro leitor conseguirá conquistar Troia – ou defende-la?

Imersão

O jogo está bastante imersivo. Os trailers, possuem uma certa familiaridade com os personagens do próprio filme de Hollywood, Troia, mas, provavelmente, a CA fez de forma proposital para o público ligar personagens aos eventos. Isso não significa que a empresa deu as costas para toda a historicidade.

Estamos falando de um jogo em plena Idade do Bronze. Além da distância temporal, somado aos relatos do poema épico que sempre permeia entre eventos humanos e a constante intervenção dos deuses olimpianos, podemos falar que Troy repassa esta sensação. Renegar os deuses não é uma opção. Esta união entre o real e o mitológico, dividiu opiniões. Mas analisando friamente, é uma mecânica muito interessante, principalmente por se tratar da Guerra de Tróia.

O comércio, é repassado de uma forma extremamente interessante, bem como o sistema econômico do jogo. Lembrando, estamos em um período bem distante e as relações comerciais não eram como na Antiguidade Clássica ou como o Império Romano. Boa parte das relações comerciais vinham do escambo, literalmente da troca de recursos que sobram, para aqueles que precisamos. O Mediterrâneo Oriental, fervilhava com as rotas comerciais vinda do poderoso Egito e o disputado Levante.

Mas e quanto a localização real da cidade de Troia e sua existência? Levando em consideração os trabalhos de Heinrich Schilieman e Frank Calvert, em meados do ano de 1870, na atual Turquia, próximo ao Egeu, descobriram uma curiosa e maravilhosa assertiva: No provável local da cidade de Troia, descobriram a existência de outras nove cidades, uma construída em cima da outra, conforme o tempo fora passando. Schilieman alega que a Troia II fora a cidade relatada na Ilíada e, portanto, presente no jogo.

A mecânica dos herois está bem interessante e, sem dúvidas, os produtores do jogo buscaram beber da fonte de Homero. Os heróis variam de acordo com seu temperamento (isso mesmo, pense na instabilidade emocional de Aquiles por sua busca desenfreada por glória e fama) e isso influi diretamente tanto no mapa administrativo, político, diplomático e até no campo de batalha! Fora uma adição curiosa ao observarmos a Guerra de Troia em seu período. O heroi, sendo um comandante, por possuir poderes muito além de um “homem médio”, não está com guarda costas ou guarda pessoal. Mas suas guardas estão presentes no jogo, como os mirmidões ou os escolhidos de Heitor.

O exército e o sistema de combate são outros pontos louváveis. O estilo de combate e as armaduras de longe, não são próximas ao que temos em mente da antiguidade clássica nem como o filme nos retrata. A CA soube aproveitar o melhor da historicidade e apresentou no jogo, o máximo de historicidade possível com armaduras, desde as proto-lamelas troianas bem como as longas placas dos aqueus. O combate no campo de batalha é bem interessante. Não espere uma falange espartana fechada, extremamente disciplinada. Mas espere um combate bem feito e observe que mesmo há tantos anos, a produtora conseguiu fazer uma representação interessante. Existiam táticas de combate, pois não podemos esquecer que os micênicos eram ótimos comerciantes, mas eram tão bom guerreiros quanto. Porém, se você busca formações individuais como falanges, estas não existiam. Sequer, as reformas hoplitas estavam para acontecer.

E o cavalo de Troia? Como a produtora assim o fez? Devemos deixar claro, que há duas grandes correntes que discutem debates infinitos acerca do tema. A primeira corrente, defende que o cavalo fora nos moldes da forma como observamos nas obras cinematográficas. Foi usado para adentrar um pelotão de grandes guerreiros e herois, que abririam os portões para a perdição de Troia. A segunda corrente, mais descrente de uma base fantástica, acredita que se trata de uma evolução militar que a guerra forçou aos aqueus, ou seja, estamos diante da primeira torre de cerco criada pelo homem, feita parecendo um cavalo, mas não igual um cavalo, como geralmente criamos em nosso imaginário.

Total War: Troy Vale a Pena?

O veredicto do História e Combate Medieval é que sim. Total War Troy vale a pena! É, aliás, um prato cheio para os amantes da história, desde que entendam que é um período impossível de se retratar com pura historicidade e pode abrir um novo conceito para a franquia.

Além disso, é exatamente um momento inesperado: Apesar de ser Antiguidade, estamos diante de um momento histórico nunca antes abordado pela franquia e, geralmente, pouquíssimo estudado ou objeto de interesse para fontes de entretenimento.

O jogo teve, na última semana, uma promoção de gratuidade de 24h onde mais de 7,5 milhões de cópias foram resgatadas, de acordo com Eurogamer PT, e existe a promessa de interessantes adições como as Amazonas (sim, elas estão nos poemas épicos) e o grandioso guerreiro e heroi Ajax.

Veja o trailer oficial do jogo em: https://youtu.be/4ZR3DGFwehw

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