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Olímpia: A Cidade das Olimpíadas

A cidade de Olímpia, localizada na Grécia, na região de Elis, Peloponeso, é uma das cidades mais famosas da Grécia. Pode não possuir o peso de Atenas, Esparta ou Tebas, mas sem dúvidas, aos leitores que conhecem a Grécia, já ouviram falar de Olímpia.


Famosa e imortalizada pelos jogos pan-helênicos a cidade tem o deus chefe do panteão helênico como seu patrono: Zeus. É nesta importante cidade, que temos a presença de uma das sete maravilhas do mundo antigo: A Estátua de Zeus de Olímpia. Esta famosa cidade, foi palco de grandes eventos, que contribuíam para a formação da identidade grega.


Visão panorâmica da parte olímpica e religiosa

Geografia


Olímpia está localizada no Vale do Rio Alfeiós. É a região ocidental do Peloponeso, muito próximo ao Golfo de Kyparíssia e do Mar Jônico.



Pré-História


Provavelmente, a região era habitada desde meados de 1.500 a.C., com o culto a Zeus sendo desenvolvido cerca dos anos 1000 a.C. Isto não significa que os povos locais não haviam religião, pelo contrário, eram outras divindades que os sacrifícios eram oferecidos.


Nenhum edifício deste período, sobreviveu até os dias de hoje.


Período Arcaico


Com o desenvolvimento da civilização grega e pela importância do culto a Zeus, Olímpia também se desenvolve rapidamente. A localização em Elis permite que a cidade passe por aumento populacional, seguindo de uma breve urbanização centralizada na cidade, em razão de sua função religiosa.


É durante este período que a tradição helênica aponta que o distrito religioso, primordialmente com o culto a Zeus, depois sendo desenvolvido o culto aos demais deuses do panteão, foi disputado entre três cidades: Pisa, Elis e Olímpia. A última, vence a disputa e passa a administrar os afazeres religiosos, que a favoreceu enquanto cidade e mudou sua história para sempre.


Neste momento da história, acredita-se que os primeiros jogos olímpicos foram administrados e mantidos pelas autoridades de Elis, cerca do ano de 776 a.C. Próximo ao ano de 700 a.C., grandes mudanças urbanísticas são feitas na cidade, como terraplanagem e construção de novas fontes, em busca de água.


Com o declínio do poder político de Elis, os pisantianos assumem Olímpia, organizando os jogos.


No século VI a.C., a cidade passa por novas transformações. Os esquiloudianos, aliados dos pisantianos, irão iniciar uma série de construções em Olímpia: Templo de Hera, Tesouros de Olímpia, uma série de pequenos templos na região norte da cidade, e o Pelopion, uma estrutura que remete a tumba de Pelops.


Além de estruturas religiosas, a estrutura atlética passa a tomar forma na cidade. No século IV a.C., arenas são construídas e o Bouleuterion, o Conselho da Cidade, onde se resolviam assuntos públicos e de Estado, que era governada em modelo de democracia grega. O primeiro estádio é construído em 560 a.C. e remodelado em 500 a.C. Nesta época, Olímpia era administrada por Elis, que havia retomado o controle da cidade graças a uma poderosa aliança com Esparta.


Templo de Hera

Período Clássico


A Olímpia do Período Clássico se desenvolve entre os séculos V e IV a.C. Podemos dizer que fora a “Era de Ouro” da cidade. Todas as suas atividades, estavam no auge.


O Templo de Zeus com sua magnânima estátua é erguido no meio do século V a.C. Todo o projeto arquitetônico supera em tamanho e complexidade tudo que havia na cidade.


O estádio tem seus acabamentos finalizados, é construído um hipódromo, para corridas de cavalos e bigas enriquece ainda mais a cidade e banhos públicos são inaugurados. O prytaneion, uma estrutura oficial que simboliza a sede dos governos gregos, também é erguido ao lado noroeste de Olímpia.


Estádio de Olímpia

O fim do período clássico em Olímpia é marcado ainda de mais expansão urbana. O Metroion é construído na cidade, levando em continuidade seu importante legado religioso, ou seja, um templo dedicado as “deusas mães”: Démeter, Cibele e Rhea. Construído próximo a Tesouraria. Em 350 a.C., Echo Stoa, um santuário dedicado a Zeus, separava os santuários dos locais de jogos. Ao sul da cidade, outro santuário é erguido.


Período Helenístico


Após a conquista dos macedônios, a cidade continuou a prosperar. Felipe II e Alexandre, o Grande haviam findado as disputas regionais na Grécia e iniciou sua longa campanha em direção a Ásia.


Olímpia, por sua vez, constrói o Philippeion, um memorial para a Casa Argeada, de Felipe II, Alexandre. O Leonidaion, um complexo para alojar os atletas e importantes figuras que estivessem na cidade, também é erguido, demonstrando ainda mais o desenvolvimento da cidade e da cultura grega como um todo.


Com o desenvolvimento e aumento dos jogos e dos participantes, a Palaestra é erguida, uma escola de lutas e artes marciais, um grande ginásio para treinos diversos e mais banhos públicos. Em 200 a.C., mais um projeto de urbanização ligava vias importantes como os santuários aos edifícios olímpicos e de atletismo, tornando a cidade mais atraente e logística.


Palaestra

Período Romano


O período romano é marcado por contradições e paradoxos na história de Olímpia. Após a conquista da Grécia pela República Romana, os jogos olímpicos são abertos a todos os cidadãos romanos. Principalmente no período imperial.


Muitos edifícios em Olímpia, estavam ficando desgastados pelo tempo. Haviam se passado séculos e era necessário um grande programa de restauração, que o Império leva a cabo. Locais como o templo de Zeus, ginásios, passam por grandes reformas e reparos. Roma ainda constrói um Nympheum, um monumento consagrado as ninfas. Novas casas de banho, agora ao estilo romano, são erguidos em 100 d.C. e um aqueduto é erguido em 160 d.C., melhorando ainda mais o projeto urbano.


Casas de Banho

O século III é marcado pelo início do grande declínio da cidade. Uma série de terremotos abalam as estruturas de Olímpia, o Império Romano começava a sofrer com uma série de crises políticas, econômicas e sociais, que muitas vezes desencadeavam guerras civis, na famosa “Crise do Terceiro Século”.


Olímpia não ficou fora dos eventos da crise. Os abalos das estruturas acarretaram em grandes problemas estruturais e durante o governo de Teodósio I, a última olimpíada é celebrada no ano de 393, depois encerrada por decreto imperial, diante de sua natureza pagã dos jogos e dos ritos politeístas.


As invasões dos povos bárbaros também marcam a Grécia. Os godos, começavam a se tornar uma poderosa força dentro das fronteiras de Roma e saquearam boa parte da Grécia. O tesouro de Olímpia acaba por ser saqueado diante das instabilidades políticas entre romanos e bárbaros.


Durante o governo de Teodósio II, os festivais pagãos são findados por decretos imperiais. Isto demonstrava que o Ocidente rumava a novos tempos. Era o fim da antiguidade pagã romana, que abraçava diversas fés, para o começo de um mundo cristão que se formava, diante da ruptura iminente da ordem romana estabelecida por tanto tempo.


O antigo ateliê de Fídias é transformado em uma Basílica, estrutura administrativa imperial tardia romana e em seu entorno, uma comunidade cristã passa a habitar. Alguns arqueólogos alegam que eram feitas pequenas olimpíadas, adaptadas a sua nova realidade. Entretanto, um novo terremoto somado da Praga Justiniana, finda com todas as atividades no século VI, durante o governo de Justiniano I, agora nos tempos medievais.

 

Fontes

Encyclopaedia Britannica

Grécia e Roma – Pedro Paulo Funari

Eckerman, Christopher - The Landscape and Heritage of Pindar's Olympia". The Classical World

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